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FIP DGM Brasil visita o projeto DGM em Moçambique para intercâmbio de saberes

Foto: DGM Global
Foto: DGM Global. Da esquerda para a direita, a equipe do FIP DGM Brasil com Mayk Arruda, Giba Tuxá e Lucely Pio, acompanhada de Eta (da equipe de comunicação do WWF Moçambique) e Polyana Mendonça (consultora do Banco Mundial)

 

Em seu objetivo de favorecer a troca de conhecimento, o DGM Global incentiva algumas modalidades de intercâmbio. Nesse contexto, representantes do FIP DGM Brasil visitaram o continente africano para conhecer as iniciativas do DGM Moçambique. A recente ação de intercambio, promovida pelo DGM Global, esteve focada na troca de saberes a respeito de duas temáticas específicas, sobre as quais Brasil e Moçambique apresentaram interesses comuns: medicina tradicional e organização produtiva / acesso a mercados.

Para a agenda, o FIP DGM Brasil selecionou três membros de seu Comitê Gestor Nacional (CGN, instância que coordena o Projeto). Assim como o CGN é formado por representações indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais com reconhecida atuação no Cerrado Brasileiro, a delegação brasileira para Moçambique contou com um representante de cada segmento: Lucely Pio (quilombola), Giba Tuxá (indígena) e Mayk Arruda (representante de comunidades tradicionais).

A delegação brasileira foi recebida na sede da capital da província de Zambézia pelas autoridades locais. Nos quase dez dias de estadia, visitou seis dos nove projetos do DGM Moçambique na Zambézia. Conheceu projetos de reflorestamento e uso de madeira (inclusive das palmeiras de coco), turismo comunitário, criação e produção de frango, dentre outros.

Foto: DGM Global
Foto: DGM Global. A delegação brasileira do FIP DGM era recebida com música e dança nas comunidades moçambicanas.

Em geral, após as boas-vindas, representantes da população local apresentavam o trabalho do DGM Moçambique e ouviam as experiências do FIP DGM Brasil e seus subprojetos. Em uma das comunidades, foi realizada uma cerimônia mística com os mais velhos, de invocação dos ancestrais, seguida pela visita a um cemitério antigo e a contação das histórias de vida dessas pessoas.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA

Saindo de Mineiros, Goiás, no dia 6 de outubro, Lucely tomou um ônibus para Goiânia. De lá, foram quatro vôos até o destino final: Goiânia para São Paulo, Portugal, Matuto (capital de Moçambique) e, por fim, Quelimani, capital da província de Zambézia. Ela, que já conhecia o continente africano quando esteve na Costa do Marfim, achou o povo moçambicano muito hospitaleiro e se encantou, particularmente, com as apresentações musicais que marcavam a chegada do grupo brasileiro nas comunidades.

Foto: DGM Global
Foto: DGM Global. Lucely Pio representa as comunidades quilombolas no intercâmbio do FIP DGM Brasil em Moçambique, out/22.

Médica tradicional que trabalha com plantas medicinais do Cerrado há mais de 30 anos, Lucely realizou oficinas para falar sobre os diferentes usos das plantas medicinais daqui e a importância de usá-las de forma sustentável. Surpresa com as semelhanças entre as plantas nos dois países, Lucely reconheceu as diferenças nos seus usos:

A vegetação é muito parecida com a nossa. Lá tem várias das espécies de plantas que temos aqui, mas eles usam para tratar outros tipos de doenças que não tem muito aqui no Brasil

Por isso, ela pretende testar algumas fórmulas, conservando para eventual necessidade futura. Convidada a voltar à região pelo Presidente do DGM Moçambique, Daniel Maúla Paqueliua, com mais tempo, para aprofundar a troca, Lucely avalia que a experiência brasileira pode contribuir no aprimoramento da coleta e do manuseio das plantas.

Podemos ajudar, por exemplo, com a técnica de desidratar as plantas que permite estender a duração da erva medicinal. Eles perdem muita planta porque não adotam isso.  Também é importante mostrar que as plantas podem acabar, trazendo a questão da sustentabilidade. Nesse ponto, tem também a importância de trabalhar a transferência de conhecimento, trazer o jovem para o que está sendo feito.

De aprendizado, Lucely destaca a relação com a natureza e os modos de vida.

Eles produzem tudo o que consomem. Do arroz ao algodão da roupa, e tudo é 100% orgânico. Não sabem nem o que é veneno. Lá não tem muito inseto. Controlam os insetos com as próprias plantas.

Mayk, representante das comunidades tradicionais, falou sobre a experiência da Central do Cerrado e das cooperativas beneficiadas pelos projetos de geração de renda do FIP DGM Brasil.

Foto: DGM Global
Foto: DGM Global. Mayk Arruda representa as comunidades tradicionais no intercâmbio do FIP DGM Brasil, em Moçambique, out/22.

Foi uma oportunidade muito rica de aprender sobre a cultura, modos de vida e de como isso se assemelha ao Brasil.

Para ele, além do intercâmbio sobre os temas centrais, a visita serviu também para “trocar experiências sobre o próprio funcionamento do Comitê Gestor, seus recortes. Conhecer o modelo moçambicano e falar sobre os, processos de gestão democrática e participativa dos subprojetos do DGM no Brasil.” Mayk também destaca o carinho e o compromisso da WWF Moçambique no desempenho de seu papel como agência implementadora do FIP DGM no país.

Foto: DGM Global.
Foto: DGM Global. Giba Tuxá representa as comunidades indígenas no intercâmbio do FIP DGM Brasil em Moçambique, em out/22.

A delegação brasileira contou ainda com Giba Tuxá, que falou da experiência produtiva nos territórios indígenas, e com a consultora do Banco Mundial, Polyana Mendonça.

Além das informações, das trocas e dos sorrisos, a equipe do FIP DGM Brasil deixa na Zambézia alguns livros para a biblioteca municipal.

FIP DGM MOÇAMBIQUE

Esta não é a primeira vez que o FIP DGM Brasil e o de Moçambique se encontram. Em 2016, o DGM Brasil recebeu a visita de representantes da iniciativa em Moçambique. A delegação de Moçambique esteve com autoridades brasileiras em Brasília (DF) e conheceu projetos do FIP DGM Brasil em Minas Gerais, realizou visita técnica ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP) para conhecer mais sobre a tecnologia e os sistemas de monitoramento de florestas adotados no âmbito do projeto FIP Monitoramento Cerrado.

Implementado desde dezembro de 2017, o DGM Moçambique desenvolve projetos nas províncias de Zambézia e Cabo Delgado, com dezoito subprojetos. Assim como FIP DGM Brasil, é desenvolvido com recursos do Fundo de Investimento Climático (CIF) por intermédio do Banco Mundial.