DESTAQUES
Projetos apresentam resultados com adaptações à pandemia
Na tradicional reunião anual de stakeholders entre as partes interessadas do Plano de Investimentos Florestais do Brasil (FIP, na sigla em inglês), os 22 representantes dos oito projetos e do Banco Mundial abordaram os principais desafios e os resultados obtidos no ano de 2020.
Com as limitações impostas pela pandemia de Covid-19, os projetos precisaram se adaptar para avançar. As metas associadas a atividades de campo foram muito afetadas. Por outro lado, estratégias de trabalho remoto e eventos de capacitação e divulgação on-line tiveram papel importante na mitigação dos efeitos da pandemia.
“Queremos parabenizar o esforço da equipe do projeto FIP Coordenação em promover reuniões e a integração entre as iniciativas do FIP para alavancar essa aprendizagem mútua e a sinergia entre os projetos. Precisamos de coragem, neste momento, para buscar formas de integrar mais os esforços”, disse a especialista sênior em Meio Ambiente e gerente do projeto pelo Banco Mundial, Bernadete Lange.
O projeto FIP Paisagens Rurais, por exemplo, priorizou atividades que podem ser feitas à distância, como os mapeamentos do Terraclass, sistema de geoinformações destinado ao acesso e à visualização dos dados de uso e cobertura da terra.
“Organizamos uma rotina de reuniões da Unidade de Gestão do Projeto e das instituições parceiras de forma digital. Mesmo nas atividades do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) de Assistência Técnica e Gerencial em campo, avançamos com milhares de visitas a produtores rurais, observadas as devidas medidas de segurança e distanciamento social”, destacou o representante da Agência de Cooperação Técnica Alemã GIZ, parceira na execução do projeto, Taiguara Alencar. Ele também ressaltou que os produtores estão recebendo atendimento on-line sempre que possível.
O ritmo da retomada das atividades foi suficiente para atender 2 mil propriedades, diante da meta de ultrapassar a marca de 3 mil propriedades atendidas em 2020. O Senar respeitou as decisões dos proprietários rurais que não se sentiam seguros em receber os técnicos de campo.
No projeto FIP Inventário Florestal Nacional, encerrado em dezembro de 2020, os trabalhos de campo que estavam sendo realizados nos estados de São Paulo e Minas Gerais também foram paralisados entre março e setembro. Para dar continuidade as atividades do projeto, no ambiente virtual, foram realizados sete webinários sobre bioeconomia florestal, com 4,6 mil espectadores.
ATIVIDADES DE CAMPO
No projeto FIP CAR, atividades de campo foram suspensas integralmente por cinco meses e retomadas progressivamente nos meses seguintes. As atividades de inscrição de imóveis rurais menores que quatro módulos fiscais e territórios de Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) no Cadastro Ambiental Rural foram as mais impactadas.
“Destacamos que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento definiu o Cadastro Ambiental Rural como agenda prioritária e o acordo com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) permitirá uma aceleração na execução do projeto em 2021”, afirmou Vito Genesi, do Serviço Florestal Brasileiro.
No projeto FIP Monitoramento Cerado, trabalhos de campo e eventos presencias de divulgação e capacitação foram cancelados em 2020. A falta de interação presencial dos técnicos afetou outras atividades do projeto. Contudo, os efeitos da pandemia puderam ser mitigados com a continuidade dos trabalhos dos técnicos em regime de home office e com as reuniões e eventos transferidos para o formato virtual.
O evento de divulgação e capacitação para o sistema Plataforma Cerrado DPAT (sigla em inglês para Cerrado Deforestation Polygon Assessment Tool), do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade de Goiás (Lapig/UFG), teve destaque entre as ações do FIP Monitoramento.
IMPACTO SOCIAL
“Os 64 subprojetos apoiado pelo FIP DGM foram fundamentais para a geração de emprego e renda junto às comunidades, além da Rede de Solidariedade para enfrentamento à pandemia”, destacou o coordenador Álvaro Carrara, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, instituição executora do projeto.
Em questionários aplicados junto aos beneficiários, foram identificados casos de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, sem acesso a itens básicos de higiene e de proteção individual.
“Devido às ações de quarentena, as comunidades ficaram impedidas de comercializar sua produção nas feiras e mercados convencionais”, detalhou Álvaro. Isso também afetou negativamente os subprojetos orientados para o fortalecimento de cooperativas.
Assim, frente à emergência posta, o Projeto DGM se reestruturou, criando um subcomponente que estabeleceu a Rede de Solidariedade DGM Brasil. Dos 64 subprojetos apoiados, 70 instituições enviaram carta de interesse para a Rede de Solidariedade DGM Brasil, das quais 45 optaram pelo auxílio financeiro por família e 19 pela aquisição de insumos para combate à pandemia.
SEMENTES
O Projeto Macaúba também sofreu fortes impactos com a pandemia. “As metas de plantio e coleta de frutos ficaram aquém do previsto. O plantio realizado em 2020 foi de 260 hectares, enquanto a meta prevista era de 600 hectares. A colheita de frutos foi de 110 toneladas, com estimativa de 150 toneladas até o final da safra, enquanto a meta era de 500 toneladas”, disse o assessor da Inocas, Vitor Franco. A Inocas é a empresa de soluções inovadoras em óleos e combustíveis responsável pelo FIP Macaúba.
Em janeiro de 2020, a Inocas iniciou o planejamento do 1º Dia de Campo da Macaúba, que contaria com a participação de mais de 200 agricultores e instituições parceiras. Pretendia-se apresentar o plantio da macaúba em sistemas agroflorestais para agricultores familiares da região do Alto Paranaíba e Noroeste de Minas Gerais, a fim de atrair novos parceiros e ampliar a adoção do modelo em larga escala.
Com o cancelamento do evento pela pandemia, a estratégia adotada pela equipe técnica para dar continuidade ao trabalho de articulação com produtores rurais foi via telefone, com visitas presenciais apenas estritamente necessárias.
Ainda assim, o projeto avançou em parcerias e contratos. Vitor Franco destaca a parceria assinada entre a Inocas e Associação de Assistência aos Condenados (Apac) em Patos de Minas (MG), para realização de atividades de extração de sementes pelos detentos, já iniciadas em julho de 2020. Também teve início a atividade do Laboratório de Germinação de Sementes e foi assinado contrato com a Universidade
Federal de Viçosa para acesso à patente de germinação de sementes de macaúba, além de consultoria.
Confira aqui a apresentação completa com os resultados dos projetos.
Aqui, os resultados do FIP Macaúba.